quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Ah, as cores!

De que vale olhar sem ver?
- Goethe
Vamos revisar alguns conceitos sobre as cores já vistos em Programação Visual, agora voltados para a Direção de Arte. Como temos no programa: “A cor no processo criativo. Técnicas de harmonização. Estudo de cores em peças publicitárias.”

Vamos começar por este maravilhoso quadro de referências rápidas que fala de uma vez só sobre: síntese aditiva e subtrativa, tipos de cores e as relações entre elas, significados culturais e termos técnicos.


Revisando... É muito importante lembrar também:


1. Aspectos da cor (Extraído do livro Novos Fundamentos do Design de E. Lupton e J. C. Phillips).
2. Cores primárias, secundárias e terciárias.
3. Cores similares, contrastantes e complementares.

Mais sites sobre Teoria da Cor (imperdíveis, em inglês):
- Open the Door into the Science of Color Theory
- Color Theory for Designers
- Color Theory: Overview

Também altamente recomendado: o Color in Motion é um site muito divertido que traz informações valiosas na forma de animações interativas.

A importância da cor no processo criativo vem da sua capacidade de provocar emoções e ao mesmo tempo comunicar. Por isso a escolha da paleta de cores de uma campanha é um processo delicado que deve levar em consideração tanto as cores institucionais do cliente, como o conceito da campanha em si.

Através das cores, podemos unificar, distinguir, estruturar, codificar, camuflar, chamar atenção, indicar, associar e estilizar. Esses recursos da cor são muito usados na comunicação publicitária.

As cores também são capazes de conferir ritmo aos projetos que são vistos por etapas, como malas diretas, embalagens e anúncios sequenciais. Por exemplo, uma cor pode aparecer primeiramente em pequena quantidade e em seguida em grande quantidade.

Mas entremos agora num aspecto mais delicado: como harmonizar e combinar as cores. Recorrendo sobre esse assunto a Israel Pedrosa em Da cor à cor inexistente: “Os mais belos coloridos de um período podem negar integralmente a lógica de uma regra aplicada no colorido de outros períodos. Isso significará que não há lógica para seu emprego, ou que há várias?”

As regras estão aí para serem quebradas. Principalmente em comunicação, não existem regras. Mas, claro, existem algumas recomendações essenciais para obter sucesso. Mais adiante iremos a elas. Antes, vejamos alguns conceitos.

Harmonia é a disposição bem ordenada das partes de um todo. Para Goethe, a harmonia existe quando mesmo dentro de uma totalidade se percebem os elementos que a integram. O mesmo Goethe formulou a seguinte escala de vibração das cores:


Johannes Itten, em seus estudos sobre cor no livro The Art of Color, afirma que harmonia é um estado de equilíbrio psicofisiológico. Toda composição cuja soma de cores for cinza é harmônica: Preto + branco, ciano + magenta + amarelo, verde + vermelho... e instituiu também 7 tipos de contrastes de cor: 1) de cores puras; 2) claro-escuro; 3) quente-frio; 4) complementar; 5) simultâneo; 6) de saturação; e 7) de quantidade/extensão.

Voltando pro brasileiro Israel Pedrosa, ele vai dizer que: “As mais variadas experiências na manipulação da cor ao longo da História demonstram que todos os fenômenos cromáticos são regidos basicamente por apenas quatro fatores: a) Qualidade: características das cores; b) Forma: características das áreas coloridas; c) Quantidade: extensão das áreas coloridas; d) Posicionamento: relacionamento e integração das áreas coloridas.”

Vimos também com Dondis que existem 3 dimensões da cor: matiz, saturação e brilho.

Sendo práticos, para obter equilíbrio entre as cores (ver Proporção e Intensidade), basicamente temos que fazer uma dosagem desses valores que vimos em Goethe, Itten, Pedrosa e Dondis.

O Pedrosa vai estabelecer uma diferença entre Harmonia x Combinação. Uma linha tênue separa as duas e requer aprofundamento. Interessados, consultem o livro, vale a pena e tem na nossa biblioteca.

Combinação de Cores
É a propriedade que têm certos pares de cores de formar um acorde, ou seja, cores que se ajustam umas às outras em duplas, formando acordes consonantes ou dissonantes.

“Em princípio, pode-se afirmar que toda cor combina com qualquer outra, o que não significa que todo grupo de cores forme uma harmonia. Assim como não existe em termos absolutos uma qualificação de cor bela e de cor feia, não existe também dupla de cores irreconciliáveis, impossíveis de serem combinadas. Uma cor pode combinar com outra por afinidade, semelhança, aproximação etc. ou por contraste, dessemelhança, oposição etc.”

Harmonia Cromática
“Comumente a harmonia é confundida com a combinação ou acorde de cores. Neste, a ação de semelhança e de contraste das partes constitui a unidade e, portanto, seu princípio geral. Mas a harmonia, pressupondo o equilíbrio de um conjunto de partes ou de unidades para formar uma totalidade de novo tipo em relação aos elementos que a integram, exige algo que ultrapasse o simples acorde.

Um vermelho e um verde, um amarelo e um violeta, um azul e um laranja, tomados dois a dois, podem formar acordes, mas não uma harmonia. Para que surja a harmonia, é necessária a superação do conflito das forças contrárias, expresso pela ação das cores complementares. Por isso, Newton afirmara que as complementares não são o princípio da harmonia, fundando-se esta numa maneira qualquer de identidade de pares, e não na simples oposição das mesmas.

A dificuldade para harmonização das cores puras é bem maior do que para a harmonização de valores coloridos ou incolores. Enquanto nesta última os conflitos são eliminados pela adição do branco e do preto, na primeira o conflito só terminará pelo equilíbrio harmônico, e não pela extinção da vibração das cores conflitantes.”

Mais ou menos claro? Então vamos em frente...
Todas as cores são amigas de suas vizinhas e amantes de suas opostas.
- Marc Chagall
Esta bela citação trata de uma verdade inabalável. O próprio Pedrosa criou um Sistema Gráfico de Harmonização de Cores, onde constam os seguintes Círculos de Harmonização:


Nos círculos acima, as cores complementares estão diametralmente opostas e dispostas de acordo com as tonalidades. As cores quentes quando mais claras combinam-se com as cores frias mais escuras e vice-versa. gerando um equilíbrio de tons e matizes. Sendo mais práticos ainda, podemos relacionar os círculos acima com os seguintes tipos de combinação*:


Respectivamente: monocromático, similar, contrastante, complementar e acromático. Assim, temos um método fácil de harmonização.

Ou combinação. Enfim, tente sempre fazê-lo por si mesmo. Caso não consiga, existe um site que pode ajudar você: é o Color Scheme Designer. Ele oferece as opções de combinação: monocromática, complementar, triádica (complementar dividida), tetrádica (dupla complementar), similar e similar acentuada.

*Mais exemplos como este estão no arquivo "círculo de cores" que nós utilizamos no exercício de cores. Está no Dropbox e foi também enviado por email.

Essas são algumas técnicas que ajudam na harmonização de cores. Mas tão importante quanto ter regras, é saber quebrá-las. Então mãos à obra e muito exercício até que a prática venha a dominar.

Para deixar um pouco de lado o feeling e fazer uso da técnica, aqui vão algumas dicas pra usar na hora de escolher as cores nos seus trabalhos e também ajudar a combater o gosto pessoal, e por vezes duvidoso, do cliente. ;)

- Descubra o significado e características psicofisológicas das cores que você irá usar.

- Esqueça suas preferências pessoais e esteja aberto à possibilidade de usar uma cor que você não gosta.

- Defina um objetivo. Saiba com clareza o efeito que você procura e alie as cores ao conceito da campanha e ao seu público.

- Teste a leiturabilidade da combinação escolhida, perguntando-se se o resultado seria melhor com outras cores.

- Não use as cores na mesma quantidade (50/50), tente balancear a cor dominante de acordo com a sua intensidade.

- Utilize cores vivas em menor quantidade, pois elas são mais difíceis de combinar. Se você ainda não está seguro, use-as em áreas menores, apenas para realçar. As cores mais claras, por sua vez, funcionam bem como cor de fundo.

- Varie tonalidades. Cores de um mesmo matiz, mas de tom e saturação diferentes, conferem tridimensionalidade. Enquanto um contraste apenas de matizes tem efeito chapado.

- Escolha as tonalidades antes dos matizes, contrariando a tendência de classificar as cores pelo matiz. Usando todas as cores claras, todas escuras ou todas as saturadas, elas serão muito parecidas. Variando tom e saturação, o contraste será mais evidente. Tenha em mente primeiro o efeito total desejado (quente ou frio) e depois escolha o matiz.

- Limite o número de cores, pois quanto mais cores, mais difícil será de harmonizar. Com duas ou três já é perfeitamente possível atingir um bom resultado. Estabeleça uma cor dominante e encare as outras como secundárias.

- Associe e classifique as cores. Agrupe as cores com a mesma característica para criar sistemas. Cores jovens são mais saturadas. As vibrantes geralmente contam com as primárias. As mais neutras geram um sistema tranquilo e possibilita uma visualização durante mais tempo. As cores da natureza são mais agradáveis de ver pois já estamos acostumados a vê-las.




As cores da natureza são apaixonantes e o fotógrafo Eric Cahan conseguiu captar a sua essência em combinações belíssimas.

- Conheça as tendências. Esteja atento às cores desenvolvidas e utilizadas pela moda, decoração, indústria de automóveis, eletro-eletrônicos e gráficas. De acordo com seus objetivo, acompanhe as tendências ou fuja delas para diferenciar-se. Pergunte-se se a combinação escolhida é criativa ou desgastada.


 
O COLOURLovers é um excelente site para se atualizar sobre as tendências de cores.

- Quando usar fotografias, imagine-as em vários tratamentos de cor.

- Extraia ou inclua cores nas fotografias. Crie uma identidade aplicando as cores da marca do cliente nas fotografias utilizadas. Elas serão harmonizadas facilmente com o layout e ainda ajudarão a fixar a identidade visual do cliente.


- Utilize uma paleta de cores. Também é possível extrair as cores das fotografias utilizadas e aplicá-las ao texto e outras formas que compõem o anúncio. Se você acha complicado fazer isso sozinho, existe um aplicativo do COLOURLovers que extrai as cores das imagens. É o Photocopa: your photos as color palettes.

O post está chegando ao fim, deixo aqui um link interessante que exemplifica as características fisiológicas das cores: Nova maneira de colorizar fotos: usando seu cérebro.

E alguns exemplos que vimos em sala de anúncios em que a cor foi utilizada como recurso criativo:


Agora, sobre os livros. Não deixem de ler o capítulo de Cor do livro "Direção de Arte em Propaganda" do Newton César que está na nossa apostila teórica, é muito bom. E os nossos indicados:

Exercícios sobre cor (apostila prática, p. 4):
1. Aplicar no cartaz EXPO:
- uma harmonia monocromática (sem preto);
- uma harmonia complementar;
- uma harmonia com cores vizinhas.

2. Aplicar no cartaz Walk the Line (preferência por máximo de 2 matizes);
- uma harmonia quente;
- uma harmonia fria;
- uma harmonia com cores jovens.

Esse exercício não vale ponto (os que valem estão designados no Programa da Disciplina). Apenas serve para vocês praticarem, o que já é muito importante, e pra gente saber quem anda interessado. ;)

Os arquivos estão no Dropbox e também no email da disciplina.

Espero que tenham gostado do post e que seja bastante útil pra vocês.

Até a próxima! :)

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